sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Reflexão sobre a escrita

Esse texto eu escrevi em Viçosa, no dia 08/10/11, das 10:12 PM até as 11:19 PM. Não é um texto com um enfoque cristão, como os outros que eu postei, mas eu achei ele bem interessante. Uma frase que eu apliquei verdadeiramente a esse texto é essa: "Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia." da Clarice Lispector. Eu não sabia que eu conseguia escrever um texto tão complexo antes de escrever esse. E, detalhe: eu tinha acabado de fechar "O Príncipe", de Maquiavel, ou seja, a linguagem complexa estava altamente presente na minha mente. Sem mais delongas, eis o texto.
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Reflexão sobre a escrita
Uma análise sintética de como textos escritos implicam na síntese de pensamentos por intelectos analisantes¹.

            A caneta escreve o que a mente prescreve em palavras que descrevem conceitos contínuos formulando frases e sentidos. Desse modo pensamentos são transcritos em papéis fadados à memória futura e à interpretações distintas por pessoas distintas com contextos distintos em tempos distintos levando um pequeno pensamento a gerar inúmeros outros. Assim, escrevo o que penso, mas não é o que penso que um outro leitor, ou eu mesmo em outro contexto ou outra época, interpreta do que escrevo. Logo, a escrita cultiva pensamentos.
Mas o tema central de meu pensamento transcrito deve permanecer se bem suceder minha escrita, por isso deve-se escrever sobre o que se reflete e que deseja permanecer vivo em intelecto alheio. Logo, se escrevo algo "bom", minha escrita cultiva pensamentos "bons", e se escrevo algo "ruim", minha escrita cultiva pensamentos "ruins".
Porém o intelecto analisante de minha escrita é racional e dotado da grandeza de Pascal, e possui senso crítico, podendo discordar de minhas opiniões, fazendo com que uma escrita "boa" cultive pensamentos "ruins". Logo, apenas o tema central que se discute, não as opiniões transcritas sobre tal tema, prevalecem nos pensamentos gerados pela escrita.
Entretanto o intelecto analisante é único, imaginativo e dotado de experiências que relaciona com signos e conceitos da linguagem, podendo, deste modo, retirar pensamentos de escritos cujo tema central é um, com outro tema central, como se se dissesse "o sol é vermelho", e o intelecto analisante do leitor pensasse no Papai Noel simplesmente pelo signo remetido a palavra "vermelho". Logo, a escrita cultiva pensamentos derivados do conceito próprio do intelecto analisante, sem haver controle, por parte do escritor, do que seus escritos podem criar em intelectos alheios.
Todavia o intelecto analisante tende a analisar o escrito com base em um contexto específico e tende a remeter ao tema central dos pensamentos do autor do escrito e gerar pensamentos em volta de tal tema. Logo, o autor pode e deve articular suas palavras de modo a induzir seu público alvo de intelectos analisantes a produzir pensamentos em áreas específicas, sendo estas controladas pelo autor através do uso de expressões comuns ao convívio social entre os intelectos e que remetem a signos semelhantes nos diversos leitores.
Dessa reflexão podemos concluir que:
1. O autor não é totalmente responsável por pensamentos derivados de sua escrita;
2. O bom autor sabe induzir o leitor a gerar pensamentos em concordância ou semelhança com seus próprios pensamentos;
3. O bom autor sabe ocultar, revelar ou transmitir direta ou indiretamente pensamentos específicos no intelecto analisante, de modo a se comprometer ou não com a ideologia transmitida por tal pensamento;
4. É impossível prever quais e quantas ideias uma caneta há de gerar, exceto para Deus;
5. Pensamentos se proliferam facilmente em intelectos, podendo utilizar a escrita como catalisador de tal processo;
6. A escrita imortaliza² o pensamento do autor e prolifera pensamentos distintos ao pensamento do autor numa mesma sentença, dependendo completamente dos intelectos analisantes para uma ou outra coisa;
7. Todo³ autor deve ter em conta seus objetivos para com seus escritos de modo à atingí-los utilizando das ferramentas de controle e coerção explicitadas acima para com seus intelectos analisantes alvo.

¹ Essa ideia de "intelecto analisante" caminha lado a lado com a ideia de "intelecto sintetizante", que eu descartei nesse texto substituindo-a pela palavra "autor". Ambas eu retirei de um texto de Sto. Tomás de Aquino, chamado "QUESTÕES DISCUTIDAS SOBRE A VERDADE", mais especificamente do Artigo Terceiro, "A verdade reside somente no intelecto sintetizante e analisante?".
² Na realidade a escrita imortaliza na medida em que o pensamento deixa de depender do intelecto sintetizante e passa a depender de uma folha de papel e de intelectos analisantes. Mas sem esses dois aquele escrito é morto, não imortal.
³ Quando ponho que "todo autor deve ter em conta seus objetivos para com seus escritos", quero dizer que um autor que almeja alguma utilidade para seu escrito deve utilizar-se das ferramentas explicitadas, mas caso o autor não possua um objetivo lógico/direto para com o escrito, pode desprezar a necessidade de manipulação dos intelectos analisantes.

Um comentário:

  1. raiirairairiairairiiririairairai. parei . .... riairairairaiiar ... n'ao consigo me controlar! riairairairairairiairiari. Ok [parei agora...

    É enfim, eu gosto deste texto... ele é divertido.. :D

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