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Reflexão sobre a escrita
Uma análise sintética de como textos escritos implicam na síntese de pensamentos por intelectos analisantes¹.
A caneta escreve o que a mente prescreve em palavras que descrevem conceitos contínuos formulando frases e sentidos. Desse modo pensamentos são transcritos em papéis fadados à memória futura e à interpretações distintas por pessoas distintas com contextos distintos em tempos distintos levando um pequeno pensamento a gerar inúmeros outros. Assim, escrevo o que penso, mas não é o que penso que um outro leitor, ou eu mesmo em outro contexto ou outra época, interpreta do que escrevo. Logo, a escrita cultiva pensamentos.
Mas o tema central de meu pensamento transcrito deve permanecer se bem suceder minha escrita, por isso deve-se escrever sobre o que se reflete e que deseja permanecer vivo em intelecto alheio. Logo, se escrevo algo "bom", minha escrita cultiva pensamentos "bons", e se escrevo algo "ruim", minha escrita cultiva pensamentos "ruins".
Porém o intelecto analisante de minha escrita é racional e dotado da grandeza de Pascal, e possui senso crítico, podendo discordar de minhas opiniões, fazendo com que uma escrita "boa" cultive pensamentos "ruins". Logo, apenas o tema central que se discute, não as opiniões transcritas sobre tal tema, prevalecem nos pensamentos gerados pela escrita.
Entretanto o intelecto analisante é único, imaginativo e dotado de experiências que relaciona com signos e conceitos da linguagem, podendo, deste modo, retirar pensamentos de escritos cujo tema central é um, com outro tema central, como se se dissesse "o sol é vermelho", e o intelecto analisante do leitor pensasse no Papai Noel simplesmente pelo signo remetido a palavra "vermelho". Logo, a escrita cultiva pensamentos derivados do conceito próprio do intelecto analisante, sem haver controle, por parte do escritor, do que seus escritos podem criar em intelectos alheios.
Todavia o intelecto analisante tende a analisar o escrito com base em um contexto específico e tende a remeter ao tema central dos pensamentos do autor do escrito e gerar pensamentos em volta de tal tema. Logo, o autor pode e deve articular suas palavras de modo a induzir seu público alvo de intelectos analisantes a produzir pensamentos em áreas específicas, sendo estas controladas pelo autor através do uso de expressões comuns ao convívio social entre os intelectos e que remetem a signos semelhantes nos diversos leitores.
Dessa reflexão podemos concluir que:
1. O autor não é totalmente responsável por pensamentos derivados de sua escrita;
2. O bom autor sabe induzir o leitor a gerar pensamentos em concordância ou semelhança com seus próprios pensamentos;
3. O bom autor sabe ocultar, revelar ou transmitir direta ou indiretamente pensamentos específicos no intelecto analisante, de modo a se comprometer ou não com a ideologia transmitida por tal pensamento;
4. É impossível prever quais e quantas ideias uma caneta há de gerar, exceto para Deus;
5. Pensamentos se proliferam facilmente em intelectos, podendo utilizar a escrita como catalisador de tal processo;
6. A escrita imortaliza² o pensamento do autor e prolifera pensamentos distintos ao pensamento do autor numa mesma sentença, dependendo completamente dos intelectos analisantes para uma ou outra coisa;
7. Todo³ autor deve ter em conta seus objetivos para com seus escritos de modo à atingí-los utilizando das ferramentas de controle e coerção explicitadas acima para com seus intelectos analisantes alvo.
¹ Essa ideia de "intelecto analisante" caminha lado a lado com a ideia de "intelecto sintetizante", que eu descartei nesse texto substituindo-a pela palavra "autor". Ambas eu retirei de um texto de Sto. Tomás de Aquino, chamado "QUESTÕES DISCUTIDAS SOBRE A VERDADE", mais especificamente do Artigo Terceiro, "A verdade reside somente no intelecto sintetizante e analisante?".
² Na realidade a escrita imortaliza na medida em que o pensamento deixa de depender do intelecto sintetizante e passa a depender de uma folha de papel e de intelectos analisantes. Mas sem esses dois aquele escrito é morto, não imortal.
² Na realidade a escrita imortaliza na medida em que o pensamento deixa de depender do intelecto sintetizante e passa a depender de uma folha de papel e de intelectos analisantes. Mas sem esses dois aquele escrito é morto, não imortal.
³ Quando ponho que "todo autor deve ter em conta seus objetivos para com seus escritos", quero dizer que um autor que almeja alguma utilidade para seu escrito deve utilizar-se das ferramentas explicitadas, mas caso o autor não possua um objetivo lógico/direto para com o escrito, pode desprezar a necessidade de manipulação dos intelectos analisantes.
raiirairairiairairiiririairairai. parei . .... riairairairaiiar ... n'ao consigo me controlar! riairairairairairiairiari. Ok [parei agora...
ResponderExcluirÉ enfim, eu gosto deste texto... ele é divertido.. :D